terça-feira, 2 de junho de 2009

Alcoolismo

Alcoolismo

Chama-se alcoolismo à dependência física e psíquica do álcool, sendo por vezes difícil distingui-lo do consumo excessivo. Os exames da função hepática de indivíduos que abusam do álcool revelam muitas vezes valores anormais.

 

Causas

O álcool é uma substância que causa dependência. Apesar de actuar como depressor e os seus efeitos, em caso de abuso prolongado, serem nocivos, é bastante eficaz, a curto prazo, para entorpecer a percepção de realidades desagradáveis e ajudar a vencer inibições. O álcool actua no cérebro de forma rápida e directa, sendo relativamente fácil aumentar a tolerância em relação ao mesmo, o que faz que seja necessário consumir uma maior quantidade para obter os mesmos efeitos psicológicos e físicos.

E possível que haja uma predisposição genética para a dependência. Há ainda quem sugira que alguns traços de personalidade, como a necessidade da recompensa, podem facilitar a dependência do álcool. Perturbações psiquiátricas e alterações neuroquímicas no cérebro têm sido também apontadas como predispondo ao alcoolismo.

Estudos familiares em gémeos idênticos e não idênticos sugerem a existência de uma forte componente hereditária. Estes estudos têm, no entanto, falhas importantes, como o facto de os indivíduos que neles tomaram parte serem filhos de pessoas com problemas de alcoolismo.

A cultura tem também uma certa influência. Entre povos que cultivam a abstinência por exemplo, muçulmanos e mórmones, aqueles que bebem correm um risco maior de desenvolver problemas com a bebida. Do mesmo modo, quando o álcool é introduzido junto de uma população até então abstémia caso dos ameríndios, os problemas com a bebida são também mais graves e frequentes. Nas sociedades ocidentais, tanto o modelo anglo-saxónico, caracterizado pelo consumo de grandes quantidades de álcool num curto lapso de tempo, como o modelo mediterrânico, definido pelo consumo continuado, embora mais moderado, de álcool, não influenciam a prevalência de alcoolismo, tão problemático tanto nos países mediterrâneos como nos anglo-saxónicos.

 

Sintomas

O alcoolismo provoca uma síndrome que se caracteriza por:

• Redução da variedade (em vez de se diversificar o consumo, prevalece uma preferência por uma certa bebida);

• Preferência por actividades associadas à bebida, em detrimento de outras;

• Sintomas físicos de abstinência mitigados apenas pelo álcool ("cura-se" a ressaca bebendo logo pela manhã);

• Tolerância crescente ao álcool e rápida recaída após um tempo de abstinência.

 

Diagnóstico

É feito através da história clínica (evidência de sintomas e comportamentos anormais resultantes do consumo de álcool), enquanto certas análises de sangue ajudam a confirmá-lo. É o caso do volume globular médio (VGM), habitualmente elevado em casos de alcoolismo, e de algumas provas da função hepática com valores anormais.

 

Tratamento

O objectivo a curto e a médio prazo passa pela abstinência total. Um tipo de comportamento destinado a "controlar" e a reduzir o consumo pode resultar em alguns casos, mas só deve ser considerado se o indivíduo já tiver passado por um período (cerca de seis meses) de total abstinência. A redução raramente é eficaz, sobretudo em casos de dependência estabelecida.

Não está provado que a hospitalização conduza a resultados mais eficazes do que o tratamento em ambulatório, excepto nos casos mais complicados. A fase inicial de tratamento é a da "desintoxicação", que abrange mais ou menos uma semana, quando os sintomas de privação do álcool se manifestam de forma mais aguda. A desintoxicação do álcool deve ser feita sob vigilância médica e o tratamento consiste em hidratação (com soros), polivitaminas e tranquilizantes, que, em geral, reduzem significativamente os sintomas físicos e psíquicos da abstinência do álcool.

A terapêutica prossegue com tratamentos psicossociais, como a terapia de grupo. Há fármacos que, quando combinados com o álcool, dão origem a reacções muito violentas, o que ajuda a fortalecer a determinação de alguém em se abster (terapia aversiva). No entanto, estes medicamentos requerem que o doente esteja altamente motivado, não tendo sucesso e sendo até muito perigosos — se este não estiver determinado a deixar de beber.

Existem organizações que apoiam pessoas dependentes do álcool, como os Alcoólicos Anónimos, e programas de recuperação de alcoólicos. Seja como for, é importante procurar um tipo de tratamento adequado às necessidades de cada um.

 

Prognóstico

Depende da motivação da pessoa. Só uma mudança radical de estilo de vida permitirá que a pessoa sobreviva socialmente ou até fisicamente. Quem não estiver convicto terá mais dificuldades em ser bem-sucedido.

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