terça-feira, 2 de junho de 2009

Hiperalimentação Compulsiva

Hiperalimentação Compulsiva

Conhecida também como perturbação dos episódios de ingestão alimentar compulsiva, é de diagnóstico relativamente recente no universo das perturbações alimentares.

Enquanto a primeira descrição das características da anorexia nervosa, a mais conhecida das perturbações alimentares, data do século XII e a denominação da doença de 1873 (Laseque) e 1874 (Gull), a hiperalimentação compulsiva só foi definida em 1994. E, em muitos aspectos, semelhante à bulimia, mas com diferenças importantes: também se caracteriza por episódios recorrentes de ingestão compulsiva de comida, mas que, ao contrário da bulimia, não são seguidos nem da indução do vómito nem do uso de laxantes.

A hiperalimentação compulsiva c provavelmente a mais comum das perturbações alimentares. A maior parte das pessoas que sofrem deste problema tem excesso de peso ou é obesa, mas indivíduos com peso normal podem também ser afectados. Pelo menos, um em cada 50 adultos sofre desta condição e aproximadamente uma em cada oito pessoas com excesso de peso tenta perdê-lo. Esta perturbação é ainda mais comum em pessoas extremamente obesas. Ao contrário do que sucede com a bulimia e a anorexia nervosa, muitos homens sofrem desta perturbação — na proporção de dois homens para três mulheres. Os indivíduos obesos que sofrem desta perturbação tendem a oscilar muito de peso (o chamado efeito ioiô).

 

Sintomas

• Episódios recorrentes de ingestão compulsiva de alimentos, quando uma quantidade muito grande de alimentos é consumida num curto lapso de tempo.

• Ao contrário da bulimia, a ingestão compulsiva não aparece associada a comportamentos compensatórios, como o vómito provocado ou o uso de laxantes e diuréticos.

• Angústia profunda devido à ingestão compulsiva de alimentos.

• O doente perde o controlo sobre aquilo que come durante a ingestão compulsiva, sentindo-se incapaz de parar.

• A ingestão compulsiva aparece normalmente associada a, pelo menos, três das seguintes características: comer muito mais depressa do que é normal; comer até ficar demasiado cheio; ingerir grandes quantidades de alimentos mesmo sem fome; comer sozinho porque se tem vergonha das quantidades ingeridas; sentir-se enojado, deprimido ou culpado por ter comido de mais.

• Os episódios de ingestão compulsiva acontecem, em média, duas vezes por semana c, para que seja possível fazer um diagnóstico, têm de persistir, pelo menos, durante seis meses.

 Além dos sentimentos de culpa e dos episódios depressivos que acompanham este estado, é provável que os indivíduos com excesso de peso e que sofrem de hiperalimentação compulsiva venham a ser afectados por patologias secundárias, como diabetes, hipertensão, níveis elevados de colesterol, doenças cardiovasculares, problemas de vesícula e algumas formas de cancro.

Tratamento

O tratamento consiste muitas vezes numa psicoterapia (como, por exemplo, a terapêutica cognitivo-comportamental), complementada com antidepressivos. Os casos com prognóstico mais favorável são aqueles em que o problema é diagnosticado precocemente, podendo o tratamento começar de imediato, e aqueles em que existe uma boa rede de apoio.

Em última análise, caso não seja tratada, a hiperalimentação compulsiva pode implicar uma incapacitação prematura, ou mesmo a morte, devido aos problemas cardíacos c à diabetes.

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