terça-feira, 2 de junho de 2009

Toxicodependência

Toxicodependência

Dependência, física e/ou psicológica, de uma droga. Implica danos físicos, psíquicos e sociais resultantes do uso de narcóticos e pode implicar tentativas falhadas para deixar o respectivo consumo.

As drogas mais comuns envolvidas em casos de toxicodependência são os opiáceos, como a heroína, a cocaína e as benzodiazepinas. As dependências da nicotina e da cafeína são, no entanto, muito mais frequentes que as de drogas, como a heroína, se bem que as consequências médicas, sociais e criminais decorrentes dos respectivos usos sejam bem diferentes.

Causas

O consumo de drogas sempre foi uma característica do comportamento humano. A experimentação ou o uso recreativo de drogas são mais comuns entre adolescentes e jovens adultos. Há factores psicológicos que têm também um papel importante, como a pressão dos pares, a "pica" inerente a fazer algo ilegal e o espírito de rebeldia. As drogas causam dependência, condicionando os mecanismos cerebrais de "recompensa" que dependem da dopamina.

 

Sintomas

Os sintomas são semelhantes aos da dependência alcoólica (p. 134), sendo o álcool substituído pela droga em causa.

 

Tratamento

Tal como acontece com o tratamento do alcoolismo, a motivação é fundamental. É pouco provável que um indivíduo que não esteja fortemente motivado consiga uma abstinência prolongada.

Um dos problemas passa pelo facto de o toxicodependente, sobretudo se as drogas são obtidas de forma ilícita, ter adquirido uma rede de contactos através dos quais pode obter drogas, podendo até traficá-la para se sustentar. Se, depois de ter estado ao cuidado de uma instituição, o indivíduo regressar ao seu antigo ambiente, depressa voltará a encontrar as mesmas pessoas e dificilmente não retomará o consumo. O tratamento médico da dependência é controverso: em casos de dependência da heroína e de outros opióides, tem sido usado um opióide de substituição, a metadona, que tem um período de intoxicação prolongado e que, por ser tomada por via oral e ser dada ao doente em centros de tratamento, elimina muitos riscos de saúde pública e delinquência associados à heroinodependência. O que acontece em muitos casos, no entanto, é que apenas se substitui uma dependência por outra, posto que mais segura. Entretanto, começam a ser usados outros opióides com menor potencial de habituação, como é o caso da buprenorfina.

Também se dá muita importância à minimização dos riscos para a saúde pública, como se comprova pelos programas de distribuição de seringas esterilizadas, o que impede a propagação de doenças secundárias às drogas injectadas, como a hepatite e a sida.

Existem ainda as terapêuticas com drogas antagonistas dos opiáceos, como a noltrexona, que, quando tomadas correctamente, bloqueiam os receptores cerebrais onde a heroína se liga e anula os efeitos psicotrópicos da intoxicação da heroína. Assim, desde que cumpra a terapêutica com noltrexona de forma correcta, o doente pode recair na heroína que está protegido e não sentirá os efeitos esperados da "pedrada", acabando por abandonar definitivamente os circuitos da droga. A terapêutica com noltrexona é, no entanto, dispendiosa e prolongada, exigindo um familiar-fiador (que fiscalize a toma do medicamento) e muita motivação por parte do doente.

Tem-se avançado a ideia de que alguns compostos naturais, como o ibogaine, substância derivada de um arbusto que se encontra na África Ocidental, poderão eliminar a dependência após uma ou duas doses. O ibogaine tem de facto merecido a atenção de muitos investigadores, mas uma vez que é associado, na sua forma natural, a um efeito secundário significativo e por vezes fatal, é pouco provável que venha a tornar-se de uso corrente.

A lofexidina é um tratamento não-opiáceo que ajuda os doentes em desintoxicação a combaterem a síndrome de abstinência. Têm sido tentadas várias outras formas de desintoxicação rápida. Com efeito, aqueles que as defendem acreditam nos seus méritos, mas o facto é que este tipo de desintoxicação ainda não se generalizou. O tratamento da dependência de drogas como a cocaína ou o crack é mais problemático, pois não existem drogas de substituição ou antagonistas. Quando o uso destas drogas (especialmente da segunda) cessa, isso normalmente provoca uma depressão reactiva, que é muitas vezes tratada com antidepressivos. Grande parte das opções de tratamento é, no entanto, não de natureza médica, mas sim de natureza psicossocial, dependendo, como sempre, da motivação do indivíduo. O tratamento em regime de internamento é bastante frequente.

 

Prognóstico

Desde que o toxicodependente em recuperação esteja suficientemente motivado, o prognóstico é excelente. Existem, porém, muitas complicações somáticas e psiquiátricas decorrentes do abuso e da dependência de drogas, algumas delas graves e até fatais. Além do risco de infecção e de sobredosagem, outros problemas, ligados a um estilo de vida dominado pela toxicodependência, passam pela delinquência, marginalidade c um risco elevadíssimo de morte por doença.

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