terça-feira, 2 de junho de 2009

Perturbação ligeiras da memória

Perturbações Ligeiras Da Memória

Apesar de o nosso cérebro ser notável, as nossas memórias são falíveis. As maiorias das coisas de que nos esquecemos são aquelas de que não necessitamos. Nem precisamos de nos preocupar com determinadas coisas quando podemos obter informação facilmente: muitas pessoas olham para o telemóvel quando precisam de saber a data, por exemplo. Se for para nos recordarmos do que fizemos na quinta-feira passada, na anterior a essa, numa quinta-feira do último mês ou há um ano, então as probabilidades de o conseguirmos são ainda menores. A não ser, claro, que se refiram a uma ocasião especial, como um aniversário ou um acontecimento marcante, o 11 de Setembro, por exemplo. A maior parte de nós guarda recordações vívidas da infância (que podem ser ou não exactas), mas relativamente escassas e descontínuas. Possuímos vários tipos de memória:

• A memória sensorial faz parte da percepção: é devido ao facto de a imagem projectada no ecrã ser momentaneamente armazenada que vemos um filme e não uma rápida sucessão de imagens;

• A memória de trabalho (ou de curto prazo) guarda a informação durante tempo suficiente para que respondamos a uma questão ou marquemos um número de telefone que nos tenha sido dado momentos antes.

A memória de longo prazo, por sua vez, requer um armazenamento permanente no cérebro graças à codificação através de uma ou várias das seguintes:

• Memória semântica, relativa ao conhecimento geral, linguagem, história, ciência, literatura e geografia;

• Memória episódica, a memória de nós próprios e das circunstâncias pessoais;

• Memória mecânica, tem a ver com actividades como andar de bicicleta ou nadar, sendo relativamente duradoura.

Basicamente, são três os estádios da memória:

• Registo, ou seja, percepcionar o que vai ser lembrado;

• Consolidação, o armazenamento da informação a curto ou longo prazo;

• Evocação da informação.

Podemos não conseguir fazer uma aquisição correcta devido a falta de atenção, percepção insuficiente (surdez, falta de visão), preocupação (estar a pensar em várias coisas), distracção (demasiadas coisas a acontecerem ao mesmo tempo) ou uma alteração da própria consciência induzida pelo consumo de álcool ou por um serão demasiado longo. A incapacidade de consolidar informação adquirida está normalmente relacionada com doenças cerebrais, como a demência ou a síndrome de Korsakow, na qual a área do mesencéfalo sofre lesão por insuficiência da vitamina BI: a memória de trabalho permanece intacta, mas a de longo prazo é destruída, de tal modo que aquilo que está a acontecer em determinado momento não é recordado dois minutos mais tarde.

A evocação é muito afectada pela emoção: a ansiedade, por exemplo, causa nervosismo em exames, o que pode levar a "brancas", enquanto as pessoas deprimidas só conseguem recuperar memórias negativas. O reconhecimento é mais fácil do que a recuperação, o que prova que a memória foi de facto armazenada, mesmo sendo de difícil acesso.

 

Causas

Embora tenhamos mais tendência a esquecer o trivial e o menos importante, também nos podemos esquecer de algo de que nos queremos lembrar, por exemplo, onde arrumámos o carro, como se chama a loja que queremos referenciar a um colega ou qual o nome daquele amigo de infância que encontrámos na rua. Dificuldades como estas ocorrem em todas as idades, mas mais frequentemente a partir dos 50. As pessoas mais velhas preocupam-se com a possibilidade de ser o início da doença de Alzheimer, mas existem outras explicações:

• Défice de memória associado à idade, que se deve sobretudo a uma lentificação dos mecanismos da memória no envelhecimento. Varia muito de pessoa para pessoa, é ligeiro e raramente piora.

• Stress e depressão, que causam preocupação e distracção.

• Deficiências sensoriais, como surdez.

• Doença física, como insuficiência cardíaca, AVC ou doença da tiróide.

• Álcool, comprimidos para dormir e outros fármacos.

 

Tratamento

Ainda que alguma medicação ajude a retardar as doenças mnésicas mais sérias, não existe poção mágica para melhorar a memória de cada um. Há, porém, técnicas de auto-ajuda que provaram ser úteis para algumas pessoas:

• Preste atenção, atitude vital para uma aquisição eficaz.

• Organize-se, adopte como lema "um lugar para cada coisa e cada coisa no seu lugar".

• Use diários e calendários, faça listas.

• Adopte auxiliares de memória: usar memorandos, deixar os comprimidos da manhã e/ou da noite perto da escova de dentes.

• Mantenha-se em forma.

• Treine as suas capacidades mentais. Não passe o dia defronte do televisor, leia, estude, jogue às cartas, faça palavras cruzadas, participe em actividades ao ar livre e cultive hobbies.

• Faça treino de orientação para a realidade: procure datar certas ocorrências da sua vida; quando for a um convívio, vá buscar fotos antigas e pense em quem poderá lá estar.

• Recorra a mnemónicas, truques de memória que resultam em alguns casos. Utiliza-se geralmente imagética visual para tornar algo mais memorável ou uma associação que ligue a nova memória a outra já claramente estabelecida.

Finalmente, o esquecimento não é necessariamente causado pela idade. Pessoas jovens também se esquecem de muita coisa, atribuindo isso ao seu estilo de vida frenético.

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