terça-feira, 2 de junho de 2009

Paranóia

Paranóia

A paranóia é um estado de desconfiança mórbida comum a diversas doenças mentais, como esquizofrenia, mania, depressão, delírio e demência. Pode ser provocada por drogas ou caracterizar uma perturbação da personalidade.

 

Sintomas

O paranóico é um desconfiado crónico, que descobre falhas em tudo e se ofende com tudo, sempre a queixar-se e predisposto a entrar em litígio com os outros. Com uma atitude agressiva perante a vida, acredita que, se não estiver sempre alerta, será desconsiderado, explorado e traído. Nos afectos, tende a ser conflituoso, ciumento e exigente, e geralmente acaba por ficar sozinho. A relação profissional com os colegas é difícil, como cliente é exasperante e, embora o seu criticismo e cepticismo possam às vezes parecer divertidos, a sua total falta de sentido de humor e de empatia com os outros não o é. O grupo dos chamados querelantes compulsivos inclui muitas personalidades paranóicas.

Podem ocorrer sintomas paranóides nas perturbações afectivas. Na depressão grave, surgem por vezes delírios paranóides congruentes com o humor depressivo: "Toda a gente diz que não presto, que devia morrer, e têm razão!" Na mania, a frustração em relação àqueles que se opõem aos projectos entusiásticos mas totalmente irreais do doente pode desencadear reacções paranóides e agressividade.

A esquizofrenia paranóide, a forma mais comum de esquizofrenia, tende a manifestar-se entre os 18 e os 30 anos, sendo a mania da perseguição um sintoma típico da doença. Nos estados confusionais (resultantes de alterações metabólicas) podem surgir reacções paranóides. As ideias delirantes são, em geral, transitórias, mas podem ser causa de protestos violentos e agitação psicomotora grave.

O sintoma paranóide mais frequente nas demências é a convicção do doente de que familiares, vizinhos ou enfermeiros lhe roubaram coisas. (Sucede, afinal, que o doente não se lembra onde as pôs.) A acusação recai quase sempre sobre a pessoa que dele cuida, já de si sobrecarregada e preocupada, e que assim se sente duplamente injustiçada.

Uma forma rara de paranóia que pode ocorrer no estádio inicial da demência é a síndrome de Capgras, em que o doente tem a convicção delirante de que uma ou mais pessoas próximas de si foram substituídas por extraterrestres. O abuso de haxixe pode provocar delírios paranóides.

Outra forma de paranóia particularmente trágica é o ciúme mórbido, também designado síndrome de Otelo, que leva a pessoa, convencida de que o/a companheiro(a) lhe é infiel, a adoptar comportamentos extremos para o provar ou prevenir: examina a roupa em busca de provas de infidelidade, interpreta mal e pede explicações acerca de qualquer pequeno atraso ou alteração da rotina ou exige actividade sexual intensa para que o parceiro fique saciado. O alcoolismo, que diminui o desempenho sexual, pode desencadear a reacção projectiva de ciúmes mórbidos. E, como na peça de Shakespeare, o ciúme é uma causa muito comum de violência doméstica que pode acabar em tragédia.

 

Tratamento

Não existe cura, nem regra, para as personalidades paranóides, pelo que apenas resta suporta-las. Não obstante, quando os sintomas paranóides fazem parte de uma doença mental mais complexa, respondem razoavelmente bem aos antipsicoticos.O problema reside no facto de o paranóico não ter, em geral, capacidade para reconhecer a doença, não procurando ou recusando mesmo o tratamento psiquiátrico. Nos casos mais graves, pudera ser necessário o tratamento compulsivo, o que acaba por tornar reais os medos paranóicos dos doentes.

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