terça-feira, 2 de junho de 2009

Doença de Alzheimer

Doença de Alzheimer

Trata-se da forma mais comum de demência.

 

Sintomas

Esta doença reduz progressivamente a memória, o discernimento, a capacidade de comunicar e outras. O indivíduo acaba por perder a autonomia, o que implica um fardo pesado para quem cuida dele, sobretudo quando existem também problemas comportamentais. Estes incluem:

• Fugir e perder-se;

• Irritabilidade e agressividade;

• Mudanças negativas de personalidade;

• Incontinência de esfíncteres;

• Relutância em mudar de roupa ou em tomar banho;

• Agitação nocturna.

É habitual que os doentes de Alzheimer terminem os seus dias em instituições especializadas, sendo também reduzida a sua esperança de vida. A evolução da doença é muito variável, podendo durar um ou dois anos ou uma ou duas décadas, e, nos piores casos, terminar num profundo e silencioso desamparo.

 

Causas

Estudos epidemiológicos mostram que uma em cada dez pessoas com mais de 65 anos sofre de Alzheimer. A possibilidade de desenvolver a doença a partir desta idade duplica de cinco em cinco anos e é por isso que é muito mais frequente em octogenários do que entre indivíduos na casa dos 60. O maior factor de risco para a doença de Alzheimer é, assim, o envelhecimento.

Se houver antecedentes familiares, o risco de ser atingido pela doença aumenta, sobretudo na sua forma pré-senil, mas apenas um em cada 50 casos envolve uma alteração genética susceptível de transmissão hereditária. A investigação genética revelou que há quatro genes que aumentam o risco: a proteína precursora de amilóide (PPA), envolvida nas placas amilóides descritas por Alzheimer; a presenilina 1 e 2; e a apolipoproteína E. Esta última toma três formas — E2, E3 e E4. Herdamos uma destas formas de cada progenitor, sendo que há seis combinações possíveis: E2/E2, E2/E3, E2/E4, E3/E3, E3/E4 e E4/E4. Existe uma forte ligação entre a combinação E4/E4 e a demência, mas há demasiadas situações de excepção para que as análises de sangue à apolipoproteína possam ser usadas para estabelecer este factor de risco.

Indivíduos com a síndrome de Down correm um risco considerável de desenvolver a doença de Alzheimer a partir dos 50 anos. As lesões crânio-encefálicas graves fazem também aumentar este risco em idades mais avançadas, o que pode ser relevante no caso dos futebolistas e pugilistas. Um quociente de inteligência (QI) e níveis educativos mais baixos podem contribuir para uma manifestação mais precoce da demência. Por outro lado, parece pouco provável que o teor de alumínio presente na água do abastecimento público ou liberto pelos utensílios de cozinha seja causa de Alzheimer.

Sabe-se agora que duas proteínas, a amilóide beta e a tau, lesam as células nervosas e as suas interligações, o que se afigura um bom indício para tratamentos no futuro, incluindo uma vacina.

 

Diagnóstico e tratamento

Poucas pessoas querem saber que estão a desenvolver Alzheimer, mas um diagnóstico precoce pode permitir-lhes pronunciarem-se em relação aos cuidados presentes e futuros de que precisarão e ainda passar uma procuração válida para que sejam eles a escolher previamente a pessoa que deverá cuidar dos seus assuntos financeiros e outros. Breves testes de memória, orientação, cálculo, compreensão e escrita e desenhar um relógio podem indicar se será necessário fazer mais exames. Poderá ser o médico de família a realizar esses testes e depois recomendar o próximo passo.

Uma TAC e uma RM revelam uma atrofia do córtex cerebral ou das camadas externas, o alargamento dos ventrículos (o que torna o cérebro mais oco) e, em particular, a redução do hipocampo, estrutura situada na base do cérebro que se assemelha a um cavalo-marinho e é essencial para armazenar novas memórias. A tomografia por emissão de fotão único permite obter uma imagem clara do fornecimento de sangue ao cérebro e a tomografia por emissão de positrões (PET) é também importante em termos de pesquisa, pois mostra o metabolismo do cérebro em funcionamento.

Estudos bioquímicos e celulares estabeleceram há alguns anos que as células nervosas do cérebro que estimulam outras células nervosas através da libertação da acetilcolina são particularmente vulneráveis durante a fase inicial da doença de Alzheimer. Devido aos esforços da investigação neste campo, descobriram-se os inibidores da acetilcolinesterase, que mantêm o fornecimento de acetilcolina às células nervosas debilitadas.

A acetilcolina é removida da sinapse, o pequeno espaço entre as células para onde o neurotransmissor é libertado, pela enzima colinesterase. Ora, os inibidores da acetilcolinesterase retardam este processo, permitindo que a acetilcolina permaneça mais tempo na sinapse, onde continua a estimular a célula nervosa mais próxima. Os inibidores da acetilcolinesterase estão disponíveis em forma de medicamento, donepezil, rivastigmina e galantamina, que devem ser receitados em caso de Alzheimer precoce. Este tipo de fármacos adia com frequência a deterioração mental em cerca de um ano, pelo menos, podendo mesmo melhorar a memória e o discernimento durante algum tempo e ajudando a atenuar o comportamento difícil dos doentes de Alzheimer.

A APFADA (Associação Portuguesa de Familiares e Amigos de Doentes de Alzheimer) presta bons serviços de aconselhamento e acompanhamento de doentes e dos seus familiares.

A terapêutica de orientação para a realidade e as terapias de reminiscência e validação melhoram a orientação, a auto-estima, o discernimento e a empatia. Existem também cada vez mais clínicas de memória, que se dedicam ao diagnóstico precoce da demência e ao seu tratamento. E, obviamente, é tão importante tratar dos doentes como das pessoas que cuidam deles.

 

Prevenção

Níveis de inteligência e instrução mais elevados parecem adiar o aparecimento da doença de Alzheimer, mas estes são factores fora do controle da pessoa. Manter o cérebro activo, fazendo palavras cruzadas e desenvolvendo actividades intelectuais, pode também ajudar um pouco. Há indícios de que existem anti-inflamatórios não-esteróidcs (AINE), como o ibuprofeno e o estrogénio da substituição hormonal (SH), que têm um ligeiro efeito preventivo, como poderá suceder com a vitamina E, a vitamina C (antioxidante) e a ginkgo biloba. O alcoolismo lesa o cérebro e contribui para a demência, mas um ou dois copos de vinho por dia, sobretudo de vinho tinto, podem ser benéficos.

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